Pascoal Tomada, Ministro do Interior exonerado. |
Maputo, 31 de dezembro de 2024 – O Presidente da República, Filipe Nyusi, exonerou hoje Pascoal Ronda do cargo de Ministro do Interior, em meio a uma onda de críticas sobre a atuação da Polícia da República de Moçambique (PRM) durante manifestações recentes.
A decisão foi anunciada por meio de um comunicado oficial da Presidência, que destacou a necessidade de "reorganizar o setor e garantir uma gestão eficiente da segurança pública, respeitando os direitos fundamentais dos cidadãos".
Nos últimos meses, o país testemunhou protestos em várias cidades, muitos deles marcados por confrontos violentos entre manifestantes e forças policiais. Relatos de uso excessivo da força, incluindo disparos contra civis, geraram indignação nacional e pressão sobre o governo para responsabilizar os envolvidos.
Organizações da sociedade civil vinham pedindo a demissão de Ronda, acusando-o de má gestão e de falhar em conter abusos da PRM. "Esta exoneração é um passo importante, mas é preciso garantir que mudanças reais aconteçam no setor de segurança pública", declarou Ana Mabunda, porta-voz da Liga dos Direitos Humanos.
Embora o sucessor de Pascoal Ronda ainda não tenha sido anunciado, fontes próximas ao governo sugerem que o novo ministro terá a missão de implementar reformas urgentes e restaurar a confiança da população nas instituições de segurança.
Esta medida é vista como um esforço do Presidente para conter a crescente insatisfação pública e demonstrar compromisso com a promoção de uma governança mais transparente e eficiente.
A decisão foi recebida com alívio por muitos setores da sociedade. "Finalmente há uma demonstração de que a liderança está disposta a ouvir o povo", afirmou Júlio Manhiça, líder de um movimento juvenil em Maputo.
Por outro lado, alguns analistas políticos apontam que a exoneração pode ser uma estratégia para desviar a atenção de questões mais amplas de governança. "Substituir ministros é importante, mas não resolve problemas estruturais no setor de segurança e na relação entre Estado e sociedade", avaliou o politólogo Nelson Cumbe.
Com as eleições gerais de 2024 ainda sob intensa contestação e as manifestações populares ganhando força, o futuro do setor de segurança será um teste crucial para o governo de Nyusi.
Redação: Índico Magazine ||