Nacho Sanchez Amor, Chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia nas eleições de 2019 em Moçambique, utilizou sua conta no Twitter para emitir declarações contundentes sobre a situação política e eleitoral do país. Ele criticou duramente a abordagem da União Europeia (UE) e da comunidade internacional em relação aos resultados das eleições gerais de 2024 e a repressão contra opositores, incluindo seguidores de Venâncio Mondlane, candidato suportado pelo partido PODEMOS.
"Os padrões duplos são o câncer da política externa da UE"
Em uma sequência de postagens, Nacho Sanchez Amor questionou os critérios utilizados pela UE ao lidar com eleições irregulares em diferentes contextos geopolíticos. Ele comparou a situação de Moçambique a outros cenários globais, sugerindo que interesses estratégicos e econômicos influenciam a resposta da UE:
"O que a UE faz quando lida com eleições irregulares e reivindicações das forças de oposição pedindo apoio? Bom, você sabe, depende. É um suposto regime 'narco-comunista' (Venezuela)? É um governo pró-Rússia (Geórgia)? É um futuro fornecedor de gás (Moçambique)?"
Sanchez Amor ressaltou que a falta de uma posição firme e uniforme da UE em casos de fraude eleitoral enfraquece sua credibilidade e perpetua situações de injustiça. Ele criticou a ausência de medidas concretas contra os "cleptocratas moçambicanos" e apontou o duplo padrão como uma falha estrutural na política externa europeia.
"Venâncio Mondlane é um stakeholder chave"
Outro ponto de destaque foi o reconhecimento de Venâncio Mondlane como figura central na resolução da crise política em Moçambique. Sanchez Amor alertou sobre os riscos de marginalizar Mondlane e seu partido PODEMOS, enquanto a repressão violenta contra seus apoiantes continua. Ele destacou:
"É loucura ignorar #VenancioMondlane na solução para a crise atual em #Moçambique. É um stakeholder chave em todos os cenários. Perseguir seus seguidores nas ruas de #Maputo, mesmo com balas de verdade, é uma prova de pânico."
O chefe da missão também deixou claro que a UE deveria considerar seriamente o papel de Mondlane como presidente eleito, dada a legitimidade questionável dos resultados oficiais:
"Estamos recebendo #VenancioMondlane em Bruxelas como Presidente eleito? Estamos a premiá-lo com o Prémio Sakharov? Estamos a avisar seriamente os cleptocratas #moçambicanos?"
Sanchez Amor finalizou suas declarações expressando esperança de que Daniel Chapo, líder da FRELIMO em Maputo, reconsidere a repressão contra opositores, classificando tal abordagem como um erro estratégico. Ele enfatizou a necessidade de incluir Venâncio Mondlane no diálogo político para evitar um agravamento da crise.
As declarações de Nacho Sanchez Amor geraram intenso debate nas redes sociais, com internautas apoiando ou criticando suas observações. Muitos destacaram a relevância de um posicionamento mais assertivo da UE frente à crise moçambicana, enquanto outros questionaram os interesses estratégicos por trás de qualquer intervenção internacional.
A postura de Sanchez Amor reforça a pressão sobre a União Europeia para tomar uma posição clara em relação aos eventos pós-eleitorais em Moçambique, especialmente diante das crescentes denúncias de fraude, repressão e violações dos direitos humanos.
Redação: Índico Magazine