Dois jovens foram recentemente detidos pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Maputo, sob suspeita de serem os responsáveis por páginas no Facebook que adotaram o nome "Unay Cambuma", uma figura controversa conhecida por divulgar informações e denúncias nas redes sociais.
O azar dos jovens foi justamente terem optado por usar o nome "Unay Cambuma", uma identidade que, embora tenha surgido como um movimento digital de contestação, tem atraído crescente vigilância por parte das autoridades moçambicanas. A figura de Unay Cambuma ganhou notoriedade em 2016, quando começou a se destacar nas redes sociais, publicando conteúdos relacionados ao terrorismo em Cabo Delgado e eventos políticos no país. Naquele período, a página foi suspensa, mas, anos depois, em 2022, o nome ressurgiu sob outras páginas, agora administradas pelos jovens detidos hoje (31 de Janeiro de 2025) pelo SERNIC.
O uso desse nome trouxe consequências inesperadas. Apesar de os jovens não terem criado a figura de Unay Cambuma, a adoção do nome, associado a uma figura polêmica e que já desperta a atenção das autoridades, resultou em investigações que culminaram nas detenções. Unay Cambuma tornou-se uma presença digital amplamente debatida em Moçambique, levantando questões sobre liberdade de expressão, anonimato na internet e o papel das redes sociais na disseminação de informações. A figura misteriosa de Cambuma tem uma legião de seguidores e se tornou um símbolo de resistência política para alguns, mas também uma preocupação constante para as autoridades.
Em 2016, o nome "Unay Cambuma" foi tema de uma capa do jornal Canal de Moçambique, que relatou uma reunião do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, realizada no dia 24 de fevereiro, onde o Presidente Filipe Nyusi perguntou aos presentes, especialmente aos membros da Renamo, quem era Unay Cambuma e onde poderia ser encontrado. Nesse contexto, um jovem foi preso na Gorongosa, acusado de ser o próprio Unay Cambuma, e teve seu computador confiscado. Cambuma, que possui milhares de seguidores no Facebook, incluindo diplomatas, continuou a ser um nome constantemente mencionado em discussões políticas e de segurança no país.
A situação dos jovens detidos hoje é um reflexo dos riscos que correm aqueles que decidem operar sob o anonimato nas redes sociais, especialmente quando utilizam nomes que geram grande repercussão, como é o caso de Unay Cambuma. A adoção desse pseudônimo, que carrega consigo uma grande carga política, tem gerado um efeito em cadeia, com os jovens agora sendo alvo de investigações intensificadas.
Este caso revela a complexidade do uso das plataformas digitais, que, quando utilizadas de maneira irresponsável ou com intenções de contestação política, podem se transformar em armas de dupla lâmina. Por um lado, elas oferecem uma voz a quem se sente silenciado, mas, por outro, podem colocar em risco aqueles que escolhem agir por trás de um anonimato que pode ser facilmente desfeito pelas autoridades. O caso também destaca o poder das redes sociais na disseminação de informações, mas também as enormes responsabilidades que isso implica, especialmente em contextos de tensões políticas e sociais.
Redação: Índico Magazine ||
Fonte: Canal de Moçambique||
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