O ex-candidato presidencial, Venâncio Mondlane, declarou publicamente sua disponibilidade para colaborar com o governo do Presidente Daniel Chapo, em um gesto que pode sinalizar o início de um diálogo político em um país abalado por tensões pós-eleitorais.
Mondlane, conhecido por sua postura crítica em relação ao atual governo, estabeleceu condições para sua eventual integração. Ele exigiu a libertação de 5.000 pessoas presas durante protestos antigovernamentais, a compensação financeira às famílias das vítimas fatais dos confrontos com a polícia e o acesso a tratamento médico gratuito para aproximadamente 200 feridos pelas forças de segurança durante os protestos.
"O objetivo não é dividir, mas unir esforços para trazer paz e estabilidade ao nosso povo", afirmou Mondlane em entrevista recente.
O Presidente Daniel Chapo mostrou-se receptivo à possibilidade de diálogo, embora tenha afirmado não ter sido contatado pelo "amigo comum" mencionado por Mondlane como mediador de um eventual encontro. "Estou aberto a ouvir e discutir o que for necessário para o bem do país, desde que isso seja feito de forma direta e clara", declarou Chapo.
Analistas políticos, como Silvestre Baessa, consideram que a possível integração de Mondlane ao governo pode fortalecer as reformas propostas por Chapo, dadas a influência política e o apoio popular que Mondlane detém. "Essa aliança poderia criar um ambiente mais inclusivo para as mudanças que o país precisa", avaliou Baessa.
A declaração de Mondlane ocorre em um momento delicado da política moçambicana. Após as eleições de outubro de 2024, marcadas por denúncias de fraude e protestos violentos, o país vive um clima de instabilidade. Mondlane, que inicialmente chegou a se autoproclamar presidente, retornou do exílio em janeiro de 2025 e suspendeu os protestos por um período de 100 dias, como gesto de boa vontade para facilitar o diálogo.
Essa abertura ao diálogo, no entanto, está condicionada às exigências apresentadas por Mondlane, que enfatizou a importância de medidas concretas para reparar os danos causados pelas manifestações e pela repressão policial.
Se concretizada, a colaboração entre Mondlane e Chapo pode marcar um novo capítulo na história política de Moçambique. A busca por estabilidade e o compromisso com reformas estruturais serão fundamentais para determinar o sucesso dessa possível parceria.
A nação agora aguarda os próximos passos desse diálogo, que pode ser decisivo para o futuro político e social do país.
Redação: Índico Magazine ||
Fonte: CNN Portugal|| Imagem: Arquivo Radar
