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Crise de liderança em Moçambique: Roberto Tibana questiona capacidade de governação de Daniel Chapo


Maputo, 14 de fevereiro de 2025 – O economista moçambicano Roberto Tibana fez uma análise contundente sobre a governação de Daniel Chapo, destacando sua falta de competência para liderar Moçambique. Em um artigo detalhado, Tibana não apenas questiona a capacidade administrativa do presidente, mas também sugere que suas ações refletem uma tentativa de centralizar a corrupção, consolidando o poder dentro da FRELIMO.

Daniel Chapo: Inexperiência e tendências autocráticas

Segundo Tibana, Chapo chegou ao poder sem qualquer preparo para enfrentar os desafios do país e, pior ainda, sem disposição para aprender. "Ele não tem as competências necessárias para governar Moçambique para o bem coletivo. Nem demonstra capacidade de aprendizagem para isso", afirma o economista. Em vez de buscar soluções para os problemas nacionais, Chapo estaria, segundo a análise, aprendendo rapidamente as "manhas da governação danosa da FRELIMO".

O economista destaca que, desde sua eleição, Chapo tem demonstrado arrogância e uma postura autoritária, características que teriam sido exacerbadas após assumir a presidência. "O poder que lhe teria feito sentir-se humilde teve um efeito contrário, devido à sua estrutura interna de personalidade frágil, sem as competências necessárias e sem a capacidade de aprender", reforça Tibana.

Além disso, Tibana aponta que Chapo se cercou de assessores fracos e figuras políticas questionáveis, incapazes de fornecer orientação estratégica. Em vez de especialistas e conselheiros competentes, ele teria optado por "fofoqueiros", o que prejudica ainda mais a administração do país.

Erros estratégicos e falta de direção

O economista lista quatro decisões tomadas por Chapo que demonstrariam sua incapacidade de liderança:

  1. Desmembramento e fusão de ministérios da área econômica – Segundo Tibana, essa mudança foi feita sem planejamento adequado, resultando em um governo desorganizado e ineficaz.
  2. Ausência de um programa para os primeiros 100 dias de governo – Para Tibana, esse fato comprova que Chapo assumiu o poder sem uma visão clara sobre como administrar o país e sem estratégias para resolver problemas urgentes.
  3. Nomeação de ministros sem experiência ou histórico de competência – O economista menciona a escolha de figuras políticas cinzentas, incluindo um lobista declarado e um ministro das Obras Públicas cuja experiência relevante se limita à gestão financeira da controversa empresa Revimo.
  4. Criação de um "executivo paralelo" dentro da Presidência da República – Tibana argumenta que essa manobra tem como objetivo centralizar o controle das decisões estratégicas, permitindo que Chapo monopolize a corrupção dentro do governo.

Uma estratégia de centralização da corrupção?

Para Tibana, a reorganização do governo por Chapo não é um erro ingênuo, mas sim uma estratégia deliberada para consolidar o poder dentro da FRELIMO e garantir o controle sobre as rendas da corrupção. "Ele pode ter caído de paraquedas como candidato e sido imposto pela fraude e pelas armas, mas de certeza que ele não é santinho nenhum", alerta.

A decisão de centralizar os processos de contratação e compra de bens e serviços do Estado seria um exemplo claro dessa estratégia. "As unidades de contratação e compra são os principais canais pelos quais o dinheiro desviado chega à FRELIMO", explica Tibana. "Com essa centralização, Chapo cria um ponto único de redistribuição das rendas ilícitas, assegurando que ele tenha controle direto sobre os esquemas de corrupção."

Além disso, a criação de um gabinete especial dentro da Presidência para gerir grandes projetos e contratos governamentais reforça essa tese. "Essa estrutura permitirá que Chapo controle os principais fluxos financeiros do país, fortalecendo sua posição dentro da organização mafiosa que é a FRELIMO", afirma o economista.


Uma corrupção mais intensa e agressiva

Tibana prevê que a corrupção sob o governo Chapo será ainda mais intensa do que nos mandatos anteriores. O economista argumenta que, por não ter garantias de um segundo mandato, Chapo agirá rapidamente para consolidar sua influência econômica. "O mandato dele não só não tem garantias de durar cinco anos, como, se chegar ao fim estatutário, não tem garantia de ser seguido por um segundo com ele no poleiro", alerta.

Ele também critica a narrativa de que Chapo estaria sendo impedido de governar devido a forças internas na FRELIMO. "Constitucionalmente, não há poder supremo neste país que não o do Presidente da República", lembra Tibana. "Se ele quisesse, poderia governar de maneira justa e eficaz. O problema é que ele não quer."

Um governo de repressão e enriquecimento ilícito

Para o economista, Chapo não está apenas falhando como líder – ele está deliberadamente construindo um sistema autocrático baseado na corrupção e na repressão. "Ele está montando a máquina que lhe permitirá distribuir as rendas corruptas, garantindo sua consolidação dentro da FRELIMO", conclui Tibana.

Ao mesmo tempo, o governo continua a usar a repressão para silenciar críticas e opositores. "Os 'vândalos' que hoje protestam contra sua administração poderão, em breve, ser esmagados por tanques", alerta o economista.

Olhando para o passado recente de Moçambique, Tibana faz um paralelo com o governo de Filipe Nyusi, que terminou seu mandato acumulando riqueza pessoal enquanto o povo se tornava mais pobre. "Se Nyusi conseguiu presidir a um terrorismo de Estado sem precedentes, imagine o que Chapo, com seus tiques ditatoriais, poderá fazer", conclui.

O futuro de Moçambique: Resistência ou consolidação do poder corrupto?

A análise de Tibana levanta questões sérias sobre o futuro de Moçambique sob o governo de Chapo. Se sua previsão estiver correta, o país pode estar à beira de um período de intensificação da corrupção e repressão. A oposição e a sociedade civil terão o desafio de decidir se aceitarão essa nova realidade ou se resistirão ao avanço de um regime cada vez mais autocrático. 


Redação: Índico Magazine |

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