Ticker

6/recent/ticker-posts

Polícia moçambicana justifica uso de força nas manifestações pós-eleitorais: “Atuação foi proporcional e, em alguns casos, involuntária”


A Polícia da República de Moçambique (PRM) afirmou que recorreu a meios “legítimos” e “proporcionais” para dispersar as manifestações pós-eleitorais iniciadas em outubro de 2024, após a contestação dos resultados pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Em declarações à comunicação social, o porta-voz do comando-geral da PRM, Leonel Muchina, garantiu que “as balas verdadeiras foram utilizadas apenas em circunstâncias involuntárias e, por vezes, em situações de proporcionalidade”. O responsável justificou ainda que, em diversos cenários, viaturas e equipamentos policiais foram alvo de ataques com engenhos explosivos improvisados, como cocktails molotov.

Leonel Muchina quando foi flagrado saindo do BTR que atropelou uma jovem na Cidade de Maputo [Imagem: CDD Moçambique]

Essas ações constituem ameaças reais à ordem pública e exigem resposta proporcional por parte das forças de segurança”, frisou Muchina, acrescentando que foram criadas equipas de inquérito para investigar as ocorrências e apurar responsabilidades no seio da corporação.


As declarações surgem em resposta ao relatório da Amnistia Internacional (AI), divulgado esta semana, que acusa as autoridades moçambicanas de repressão violenta, com uso excessivo da força contra manifestantes pacíficos e transeuntes, incluindo menores. Intitulado “Protestos sob ataque: Violações dos direitos humanos durante a vaga de repressão após as eleições de 2024”, o documento denuncia o uso de munições reais, gás lacrimogéneo e balas de borracha, além de prisões arbitrárias, intimidação de jornalistas e restrições à internet.


Segundo a ONG moçambicana Plataforma Decide, os protestos resultaram em pelo menos 388 mortes, incluindo cerca de 20 menores, desde o seu início a 21 de outubro. O Governo reconhece, no entanto, apenas 80 óbitos e aponta a destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias como consequência direta dos confrontos.


Apesar do clima tenso, um sinal de distensão ocorreu a 23 de março, quando Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, Presidente já empossado, reuniram-se pela primeira vez e assumiram o compromisso de encerrar a onda de violência no país.

A PRM reiterou o seu compromisso com a legalidade e a proteção dos cidadãos, sublinhando que não tem interesse em violar direitos humanos. “É nosso dever garantir a segurança de todos os moçambicanos”, concluiu Leonel Muchina.

Redação: Índico Magazine || Fonte: Lusa|| Siga o canal 🌐 Índico Magazine 🗞️📰🇲🇿 no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VafrN6E8aKvAYGh38O2p