O edil de Quelimane, Manuel de Araújo, protagonizou um dos discursos mais emocionantes da atual conjuntura política moçambicana, durante uma manifestação popular que reuniu milhares de munícipes em apoio ao ativista e artista Joel Amaral, conhecido carinhosamente como MC Trufafá.
As declarações de Araújo surgem no âmbito de uma série de protestos em repúdio ao que os manifestantes consideram uma tentativa de silenciar MC Trufafá, cuja voz tem sido símbolo de resistência e denúncia contra injustiças sociais e políticas. “Caíram-me lágrimas de emoção porque cheguei à conclusão de que os munícipes de Quelimane estão prontos. Não precisam de mim! Se eu partir, ou se me fizerem partir, sabem o que têm de fazer”, declarou Araújo visivelmente emocionado.
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Com tom combativo, o edil destacou a maturidade política dos cidadãos: “Vocês não passaram no exame... Vocês dispensaram o exame! Estão graduados!”. O discurso foi marcado por duras críticas à elite política do país, com denúncias de desigualdade social, corrupção, má gestão da educação e saúde, e o uso indevido dos recursos públicos para benefício próprio.
“Chega de pobreza absoluta quando eles vivem em mansões! Chega da péssima educação aos nossos filhos, quando os filhos deles estudam na Suazilândia, África do Sul, Portugal e Brasil! Chega das mortes de nossos filhos nos hospitais públicos enquanto os filhos deles são atendidos no exterior!”, disparou Araújo.
O edil agradeceu ainda a presença e solidariedade de figuras da oposição como Venâncio Mondlane e Dinis Tivane, ao mesmo tempo que apelou à união de outras lideranças políticas e civis para “lançar a verdadeira chama da unidade” contra os 50 anos de domínio do partido Frelimo. “Juntos somos mais fortes! Dinoutamaalelani abaalaga…!”, clamou.
Embora tenha admitido que “em menos de trinta minutos” poderiam destruir sedes e propriedades da FRELIMO, Araújo frisou que a opção foi por uma marcha pacífica. “Amamos a paz, mas não tememos a violência nem a guerra! Se nos obrigarem, comerão o sabor da vossa violência!”.
A manifestação em Quelimane insere-se numa onda crescente de descontentamento popular com o regime, intensificada após os episódios de repressão contra comunicadores, ativistas e opositores políticos no período pós-eleitoral de 2024. O caso de MC Trufafá tornou-se símbolo de resistência e despertou uma mobilização nacional em defesa da liberdade de expressão.
A mensagem de Araújo ressoou nas ruas e nas redes sociais, consolidando Quelimane como epicentro da luta democrática no país.
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