A história de Sarah Baartman, nascida Saartjie Baartman, é um dos capítulos mais dolorosos do racismo e da desumanização sofrida por mulheres negras ao longo da história. Sua trajetória trágica e revoltante atravessa séculos, ainda ecoando como um lembrete brutal da exploração do corpo negro.
Originária da África do Sul, Sarah foi capturada no início do século XIX e levada à força para a Europa. Lá, foi exposta como uma “curiosidade exótica” devido à sua estrutura corporal – especialmente seus quadris e nádegas, características comuns entre mulheres da sua etnia, mas completamente incompreendidas e sexualizadas pelo olhar europeu da época.
Trancada em gaiolas e exibida em feiras e museus, Sarah foi reduzida a um espetáculo. Durante o dia, era ridicularizada, cutucada e tratada como um objeto de estudo; à noite, era explorada sexualmente. Faleceu aos 26 anos, vítima de sífilis, após anos de abuso e negligência.
Mais chocante ainda foi o destino de seu corpo após sua morte: seus restos mortais foram preservados e mantidos em exposição num museu francês até o ano 2002, quando, finalmente, após pressão internacional, seus restos foram repatriados para a África do Sul e ela recebeu o enterro digno que lhe foi negado em vida.
Recentemente, a artista norte-americana Erykah Badu prestou homenagem a Sarah Baartman em um evento internacional, reacendendo o debate sobre a importância de recontar histórias apagadas ou distorcidas da diáspora africana. A homenagem foi um lembrete poderoso de que a memória de Sarah Baartman deve ser mantida viva — não como símbolo de dor, mas de resistência.
A história de Sarah representa muitas outras histórias esquecidas de mulheres negras que foram silenciadas pela história oficial. Que sua memória sirva de farol na luta contra o racismo, a objetificação e todas as formas de opressão.
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Por Drucila Meireles
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